sexta-feira, 22 de agosto de 2008

palavra guardada

Estou em casa, em frente à tela iluminada, ouvindo uma música que mexe com os meus ingredientes. Tarefa dada pelo meu querido amigo e ,graças a Deus, diretor musical de todos os meus espetáculos, Jarbas Bitencourt. Não sei se é porque estou mexida desde o início da semana, precisando digerir palavras que não se adequam ao meu estômago e que estão entaladas na garganta. Garganta, tudo o que sinto passa e toca primeiro a garganta, e enquanto não organizo e não jogo pra fora, não, não sou boa em engolir, e nem acho que devo, fico perambulando com as palavras dentro da bolsa ou dentro da boca. Desde pequena, aprendi que palavras só fazem sentido quando fora da gente, no ar, no muro, desenhadas em um papel, mas nunca dentro. Palavra guardada é palavra doente, seja ela de amor ou de dor, é palavra doente porque elas foram feitas para ficarem do lado de fora. As palavras saem, dão um passeio pelos ouvido dos outro, batem no peito, na bunda, no coração, na cabeça e depois se vão. Palavra que fica é palavra que corrói e dessa ninguém precisa. Estou sendo corroída por algumas palavras, tentando em um processo búdico e inútil cala-las. Que droga. Algumas palavras têm destino certo e enquanto não deixam o seu remetente machucam e gritam dentro dele. Queria não ter nada para dizer, mas sou uma mulher de palavra.

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