quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A Noviça Rebelde


my heart will be blessed with the sound of music

and I'll sing once more



AAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! Estou cantando até agora!Fui hoje à tarde junto com meus alunos assistir ao mega musical "A noviça rebelde", em cartaz no Teatro Casa Grande. Sim, muito dinheiro, muitos cenários, trocas de roupa, gente pra caramba e até figurante. Mas foi bonito, viu. Sim, antes não havia me interessado em ver porque já fico com o pé atrás de musical, grandes produções,americano,etc, e só fui porque ganhei convite, porque continuo achando um absurdo uma entrada de teatro custar R$120,00. Mas me emocionei com a história do filme que eu assisto e amo desde criança. As vozes são boas, a história a gente já conhece e o luxo, ai, só quem tem patrocínio com mais de seis zeros do lado direito conhece. Tenhos algumas considerações,mas elas não me incomodaram não, eu amo tanto a história que me envolvi, virei público e sai muito feliz do Leblon. Ai, voltei à minha infância, de quando era feliz incondicionalmente. Chorei e tudo. A noviça é linda.Ai, adoro quando vou ao teatro e sou só público. Ah, quer saber de uma coisa? A gente também precisa de um luxo.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

bobagens, besteiras e futilidades

porque a semana passada começou uma merda e foi assim até o final, não quero que essa se repita, então, estou dando um tempo com as coisas sérias da vida. Sim, sou uma mulher muito séria e isso me cansa, me cansa, me envelhece e eu perco a parte boa da coisa. Vamos começar com bobagens, besteiras, futilidades, conversas de final de noite de bar.
Muita gente, por causa do meu corpinho magrinho e da minha altura, me chama de Barbie, Barbie negra, pois é, então, resolvi que hoje vou vestir a fantasia. Procurei por toda a internet uma Barbie de trancinhas,mas não achei, quer dizer, achei,mas não se parecia comigo não, então achei essa daí de baixo, pelo menos não tem peitão e o cabelo tem o mesmo comprimento,né, e ambas gostamos de praia. E como eu quero levar tudo mais leve nessa semana, seguindo a orientação do professor de Yoga, observando de cabeça para baixo, vamos lá, vamos brincando de boneca, com a boneca,ah,sei lá. Vou deixar de lado todas as críticas ao modo de vida da madame e pegar só a parte boa, afinal, a gente também precisa de algumas bobagens para ser feliz.






domingo, 24 de agosto de 2008

de uma outra forma


Pra começar a semana vou fazer o que o professor de Power Yoga orientou:

ficar de cabeça para baixo para ver o mundo de uma outra perspectiva. Ao invés de ver o mundo girar, eu vou girar no mundo.

Boa semana.
Me disseram que eu faço muitas coisas. Sim, eu quero tudo! Ai, estou adorando Power Yoga!rs

domingo

Sábado com cara de Pernambuco, domingo com cara de São Paulo. Nada combina menos com o Rio do que céu acinzentado e ar gelado. Não há como convencer um carioca de que o frio é melhor, de que as cores frias são melhores, de que o cinza é melhor. Cinza, como dizem alguns, é cor clássica, nada mais chato do que um clássico na hora e no lugar errado. Poucos clássicos combinam com o Rio de Janeiro, e um exemplo deles é Flamengo e Vasco no Maracanã, porque faz o dia ferver e as cores estourarem. No mais, clássico gélidos só atrapalham.
Quem gosta de Sampa que pegue o primeiro vôo de volta, o primeiro trem de prata ou o primeiro busão. O negócio de quem mora nesse pedaço do Sudeste é sombra e sol alternadamente e água de coco para resfriar.
Ai, esse frio que não passa...
O que sobra é ir à feira, negociar com vendedores, sorrir paras as furtas multicores das barracas, cheirar as ervas e comprar tapioca.
Domingo tem cara de tapioca e de pastel de queijo com caldo de cana também!
E de encontrar os amigos, chamar alguém para almoçar em casa. Cozinhar enquanto joga conversa fora.
Fiquei assim com Ramon, que prova com muito gosto minhas tapiocas, se diverte no orkut enquanto tiro o suco das laranjas e divide comigo uma cocada de comer com colher.
Domingo tem cara de doce. De tudo o que não dá para preparar durante a semana: a estirada na rede, o passeio sem compromisso, a conversa longa ao telefone, o olhar para a rua despretensioso.
Domingo.
O único problema de domingo é o compromisso firme com a segunda, aquele dia que ninguém agüenta perceber que chegou.
Mas aí, já é outro dia e por enquanto eu prefiro ficar aqui, comendo cocada com a colher, ouvindo músicas escolhidas por uma rádio da web, rindo enquanto converso com a mão segurando a cabeça, sentindo preguiça e rindo. Espera,espera, espera que ainda é domingo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Frida Kahlo


À Alejandro Gómez Arias
Não sei mais o que fazer, já que estou assim há mais de um ano e estou farta. Tenho uma porção de queixas, como uma velha. Você terá de me enrolar em um pano de algodão e me carregar para lá e para cá o dia inteiro. Preciso que você me diga alguma coisa nova, porque realmente nasci para ser um jarro de flores e nunca sair da sala... Acabo de receber sua carta que foi o único momento feliz todo esse tempo. Como eu gostaria de poder explicar-lhe, minutos a minutos, meu sofrimento! Sinto-me sufocada, meus pulmões e minhas costas inteira doem terrívelmente. Fico completamente desesperada e, acima de tudo, você não esta aqui. Preciso muito de você, Alex! Não imagina o que significa para mim cada dia, cada minuto sem você...
Você já sabe tudo o que eu poderia lhe dizer. Fomos muito felizes todo os invernos, mas nunca como neste. A vida esta a nossa frente, é impossível explicar-lhe o que isso significa. É provável que eu ainda esteja doente, mas não sei... o mar, um simbolo em meu retrato, sintetiza minha vida. Você não me esqueceu? Seria quase injusto não acha?
Sua Frieda

palavra guardada

Estou em casa, em frente à tela iluminada, ouvindo uma música que mexe com os meus ingredientes. Tarefa dada pelo meu querido amigo e ,graças a Deus, diretor musical de todos os meus espetáculos, Jarbas Bitencourt. Não sei se é porque estou mexida desde o início da semana, precisando digerir palavras que não se adequam ao meu estômago e que estão entaladas na garganta. Garganta, tudo o que sinto passa e toca primeiro a garganta, e enquanto não organizo e não jogo pra fora, não, não sou boa em engolir, e nem acho que devo, fico perambulando com as palavras dentro da bolsa ou dentro da boca. Desde pequena, aprendi que palavras só fazem sentido quando fora da gente, no ar, no muro, desenhadas em um papel, mas nunca dentro. Palavra guardada é palavra doente, seja ela de amor ou de dor, é palavra doente porque elas foram feitas para ficarem do lado de fora. As palavras saem, dão um passeio pelos ouvido dos outro, batem no peito, na bunda, no coração, na cabeça e depois se vão. Palavra que fica é palavra que corrói e dessa ninguém precisa. Estou sendo corroída por algumas palavras, tentando em um processo búdico e inútil cala-las. Que droga. Algumas palavras têm destino certo e enquanto não deixam o seu remetente machucam e gritam dentro dele. Queria não ter nada para dizer, mas sou uma mulher de palavra.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

pois é

fico impressionada com as mentiras que os adultos contam para as crianças
e com as mentiras que os homens contam para as mulheres
ainda bem que as crianças irão crescer
e que as mulheres irão abrir os olhos

pro último babaca

Entrego teus presentes e com eles tuas mentiras
Devolva-me
Devolva-me minhas lembranças
De como eu era antes de te conhecer
Devolva-me
Devolva-me a tranqüilidade
E a paixão de estar só
Estar bem e só
Devolva-me quem eu era
Antes desses olhos roxos
E de tantos lenços de papel na beira da cama
Devolva-me

Quando vi onde pisava já era tarde
A verdade veio tarde

Devolva-me também
Os passos da coreografia que fiz
Idiota
Do tempo que perdi com piruetas e degagês
Tempo perdido
Ilusão
A ilusão do palcos
Não fica bonita na vida
Vou dançar esse adágio
Como se fosse um minueto

Sim
É tudo muito desconexo
Fiquei desconexa
Só o amor
É côncavo e convexo
Espero que morra!

domingo, 10 de agosto de 2008

Pra semana: Clarice Lispector

"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada. De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor. Para que te servem essas unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem. Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada. Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir. "
(Trecho do conto 'Os desastres de Sofia', in "Felicidade Clandestina)

sábado, 9 de agosto de 2008

sábado no rio


a cidade maravilhosa está cinza

chega de implicância

amanhã é dia dos pais,uma data que eu sempre detestei. Sim, é por pura inveja sim,afinal,quando eu descobri o que se fazia no segundo domingo do mês de agosto meu pai já tinha se despedido desse mundo, e naquela época,quando a escola era tradicional(será que algum dia ela deixou de ser?), a gente era obrigado a fazer presentinho e dar para os nossos pais, mesmo quem não tinha. Não existia esse negócio de família alternativa não. Eu achava esquisito botar o nome do meu padrinho na linha pontilhada,mas fazer o que se eu tinha que ser igual? Foram anos de dias dos pais brecthinianos. Até o dia em que o primário acabou e os estranhos presentinhos também.

Quando virei professora prometi que nunca, por mais que me implorassem, eu iria fazer coisinhas desse tipo com os meus alunos. Até que na sexta-feira, ao entrar na sala de uma das minhas turmas, vi uma coisa muito legal: elas estavam fazendo o tal presentinho, que eu já olhei de olho torto, mas nem em todos os bilhetinhos estava escrito pai, tinha mãpai, tinha irpai,dimpai,vôpai,vópai,tipai, uma variedade de qualidades de pais, que chamamos carinhosamente de genéricos, e as crianças estavam extremamente felizes em participar daquilo. Era uma festa, famílias diversas, nomes diversos,pais, mães,tias, vizinho,tudo, todos sendo valorizados em suas diferenças. As crianças estavam se divertindo com a situação. Achei divertido também e muito criativo. Vi, pela primeira vez, a minha família alternativa sendo representada e fiquei imaginando como seria o meu cartãozinho, seriam dois: mãpai e dimpai,né. Ai, a minha criança, aquela que achava estranha a linha pontilhada do papel, se levantou da cadeirinha e resolveu,enfim e de bom grado, fazer também o seu presentinho. Foi pintar um cartão pro seu dinpai, pra sua mãpai, pros seus tipais, e claro, pro seu pai.


Eu sempre digo que a minha vida ganhou muitas flores depois que eu passei a dar aula de teatro para as crianças do primário. Muitas flores.

Feliz dia dos mãpais,dimpais, irpais, tipais, vizinhopais,vôpais, vópais, papais e por aí pais.

PS:continuo sem gostar de falar de mim,mas falar de quem não tem pai no dia dos pais não é falar só de mim.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A Filha da Chacrete



Pois é, a Camila,uma das minhas melhores amigas, está lá dando a cara a tapa. Sozinha com as suas lembranças contando as suas histórias para quem quiser ouvir. Dançando, cantando, rindo, chorando, emocionando.
Verdadeira em tudo o que faz, Camila, sem pudores conta tudo da sua vida com a sua mãe, uma ex-bailarina e ex-chacrete , que se permitia viver a vida guiada pela alegria e pela liberdade.
Um projeto antigo, que, enfim, saiu do papel, passou pelo coração e subiu no palco do Teatro Ziembinski.
Vida longa pra Chacrete. Parabéns para Camila.
Vale à pena sim.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

diário de uma atriz-professora de teatro de uma escola municipal(eu)

É sorriso, gritaria, chute, pontapé, briga,mordida, arranhão, cantoria, gargalhada, sorriso, puxão de cabelo, dedo no olho, gente largada no chão, cheiro de biscoito, um em cima do outro, meninas vestidas de rosa, meninos amontoados, criança com nariz escorrendo, perfume de sabonete, corda, elástico, bala, olho brilhando, correria, braços abertos, abraços, beijo estalado, roda de mão dada, tia pra lá,tia pra cá, menino,sai daí de cima, desculpa, foi sem querer, vou chamar seu responsável, já pra direção, qual é a merenda de hoje, presente, faltou, sumiu, recreio, entrada, saída.
Hoje reencontrei meus alunos, depois de uma (quá,quá,quá) semana de férias. Eles estão lindos! Bagunceiros pra caramba(mas eu também sou bagunceira). Bagunceiros e lindos! Ai, ai, ai, sou feliz!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

e dentro de mim
essa vontade que não passa
o que me sobra
é bater na sua porta
esperar você abrir
e entrar

utilidade pública

meu coração está sentado na praça
jogando chumbinho para os pombos

silêncio


você a viu?

eu estou à procura da minha palavra

ela estava aqui

inteira

mais precisamente em minhas mãos do que em meus lábios

cadê?

perdida no caminho

sinto que ela deve estar aqui

como folha e gelo

e não adianta emudecer os lábios

para forjar o silêncio

eu não irei esmagar aquele que a roubou de mim

eu não posso conviver com um homem sem palavra

eu a quero

eu preciso da palavra

preciso dela para burlar meus sentimentos
pra não me expôr

pra me derramar

para não gritar os uivos da minha fera

a palavra...a palavra



ps: esse texto não é meu, é do meu amigo-irmão-alma gêmea-pedaço de mim Ângelo Flávio, integra o texto do espetáculo "Silêncio" da Cia dos Comuns, onde trabalho como atriz.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

segunda-feira

procurei em mim e achei em Eduardo Galeano, e é com ele que eu começo a semana:

"Quem tem medo de viver não nasce."

e mais uma vez:as palavras!

estou com a boca cerrada

tenho palavras que querem sair

mas que eu não quero falar