domingo, 24 de agosto de 2008

domingo

Sábado com cara de Pernambuco, domingo com cara de São Paulo. Nada combina menos com o Rio do que céu acinzentado e ar gelado. Não há como convencer um carioca de que o frio é melhor, de que as cores frias são melhores, de que o cinza é melhor. Cinza, como dizem alguns, é cor clássica, nada mais chato do que um clássico na hora e no lugar errado. Poucos clássicos combinam com o Rio de Janeiro, e um exemplo deles é Flamengo e Vasco no Maracanã, porque faz o dia ferver e as cores estourarem. No mais, clássico gélidos só atrapalham.
Quem gosta de Sampa que pegue o primeiro vôo de volta, o primeiro trem de prata ou o primeiro busão. O negócio de quem mora nesse pedaço do Sudeste é sombra e sol alternadamente e água de coco para resfriar.
Ai, esse frio que não passa...
O que sobra é ir à feira, negociar com vendedores, sorrir paras as furtas multicores das barracas, cheirar as ervas e comprar tapioca.
Domingo tem cara de tapioca e de pastel de queijo com caldo de cana também!
E de encontrar os amigos, chamar alguém para almoçar em casa. Cozinhar enquanto joga conversa fora.
Fiquei assim com Ramon, que prova com muito gosto minhas tapiocas, se diverte no orkut enquanto tiro o suco das laranjas e divide comigo uma cocada de comer com colher.
Domingo tem cara de doce. De tudo o que não dá para preparar durante a semana: a estirada na rede, o passeio sem compromisso, a conversa longa ao telefone, o olhar para a rua despretensioso.
Domingo.
O único problema de domingo é o compromisso firme com a segunda, aquele dia que ninguém agüenta perceber que chegou.
Mas aí, já é outro dia e por enquanto eu prefiro ficar aqui, comendo cocada com a colher, ouvindo músicas escolhidas por uma rádio da web, rindo enquanto converso com a mão segurando a cabeça, sentindo preguiça e rindo. Espera,espera, espera que ainda é domingo.

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