segunda-feira, 9 de junho de 2008

Há,há


Ele me critica porque me comporto feito criança: ligo na hora em que me dá na cabeça, saio sem dizer adeus e quando o encontro pulo no seu pescoço. Porque rio alto, falo a verdade sem pensar e não consigo guardar segredo. Porque ando descalça pela casa e no corredor do prédio. Porque meus pés estão sempre com terra e quero que seja sempre domingo de sol. Porque digo que detesto sentir saudades e sem mais nem menos apareço na casa dele. Porque convido sempre em cima da hora e não aceito não como resposta. Porque quero que tudo tenha um porque e arranjo sempre um jeito doce de responder. Porque choro quando o filme fica triste e vejo tv falando mal dos outros. Porque invento palavras novas para o nosso bom Português. Ele me critica porque sempre tomo a iniciativa e não deixo a parte do homem pra ele, porque conserto sozinha o chuveiro, mas não consigo matar a barata no banheiro. É sempre por isso que ele me critica, e fica comigo, e ri comigo, e me chama de chata e liga pra saber por que eu não liguei, pra ter com quem poder jogar Banco Imobiliário ou brincar de detetive tentando descobrir da janela da minha casa quem são as pessoas que passam pela rua. E pra andar de fusquinha comigo, não o meu, o dele, eu mesma detesto dirigir, prefiro enfiar os pés no porta-luvas.

Um comentário:

Unknown disse...

Gosto dos textos da Débora. Deveria? Sim, claro! Sua maneira de pensar e digerir o que tem ao seu redor é mais sapiente do que a dos “pseudos”, criaturas sisudas, cuja sobrevida é mantida por aqueles que alimentam seu ego idolatrando sua inteligência de almanaque.
Avoa, borboleta e bate suas asas em busca de algum canto destrucionista e surreal que case com as letras que tatuam suas idéias.