terça-feira, 29 de julho de 2008

e abre o portão

Era adulto, criança, velho, até as folhas queriam ir embora. Não sobrou uma só alma, um só vestígio de pessoa lá dentro. Todos saíram no primeiro indício do meio dia.
Alguns lá de fora até tentavam entrar, mas ai que não tinham nem espaço para passar.
Olhos ofegantes, como quem pede socorro, íam encontrar suas vidas lá fora e cada um que conseguia tocar com os pés na rua sentia o frescor no rosto e até remoçar.
Pareciam nunca mais querer voltar pra aquele lugar. Pareciam que iriam sumir para o resto de suas vidas, tomar um caminho pra bem longe. Pareciam, pois quando as férias de julho acabarem todos irão voltar.

assim

gosto de ficar entre os meus
gosto de ficar com os meus
gosto dos meus
também gosto dos outros
gosto de ficar entre os outros
gosto dos outros
e faço de alguns outros meus

segunda-feira, 28 de julho de 2008

declaração de amor


vai sair meio tortinho

vai sair de uma vez só
meio atropelado

meio desajeitado

mas é tudo o que eu tenho para te dizer:

te amo com todos os coraçõezinhos que te desenhei

Férias?Quá,quá,quá.

Nunca falo de mim, mas agora resolvi fazer um ensaio e mostrar só um pouquinho da minha vida, se não, eu acho, não é blog.
Estou de férias, elas começaram exatamente as 14:35 de sexta-feira passada, último horário de aula. Graças a Deus! Se bem que isso, essa pequena e porca uma semana, não pode ser chamada de férias, é mais uma condicional, tanta para nós, professores, quanto para os alunos.
Férias, há, há,há, com o sorriso amarelo mais sem graça do mundo. E o pior é que eu sou e me sinto obrigada a dizer que antes isso do que nada porque já chegamos em julho enlouquecidos para que dezembro chegue, e é só nessa hora, repito, só nessa hora que achamos que o tempo não passa, pois já trabalhamos tanto e ainda temos o segundo semestre inteiro pela frente, pelo menos já deixamos 7 meses para trás.
Meu Deus, que escola é essa que ninguém quer ficar sem, mas que ninguém aguenta ficar dentro?
Sinceramente, quando as crianças estudavama menos gostavam mais da escola porque dava saudade ficar tanto tempo longe, agora dá azia ficar tanto tempo perto.
Vou aproveitar para fazer nada, estou tão cansada que a possibilidade de sair do meus espaço para qualquer outro lugar do mundo já me desanima. Quero mesmo é o ócio, no sentido mais concreto da palavra: FAZER NADA,NADA,NADA. É só isso que eu quero, nem que seja por uma semana. Depois eu volto à labuta, feliz porque em agosto tem dia do mês, em setembro chega a primavera, outubro eleições e alguns dias de escola fechada e, ai, novembro pode ter segundo turno e em dezembro dizemos novamente adeus, mesmo que seja quase no dia 23.
O último apague a luz.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dia Internacional da Mulher Negra Latina e Caribenha


Programação
18:00
Abertura do Evento
Fabiana Magno de Lacerda e Ana Beatriz Silva

18:30
Mesa Tema
Neusa das Dores Pereira- Coisa de Mulher
Magali Almeira- UERJ e ProAfro
Débora Almeida- Cia dos Comuns
Flávia Souza- Aqualtune(Mediadora )
19:45 – Entrega do prêmio LENORA Mendes
Apresentação:Katiú scia Ribeiro

Premiadas
Marlene Mendes
Raquel Silva – ex -paciente da Lenora
Magali Almeida – Professora da UERJ e do ProAfro
Márcia Pererira Rosa - Assistente social Craes Homero
Dona Nélia – Trabalho com adolescentes negros e negras no Arará
Thatiane Silva - Coletivo de Estudantes Negros de Cuba
Luize Silva- coordenadora do espaço mulher SMS-RJ

20:40
Encerramento
Allyne Andrade –Membro do Aqualtune

21:10 -
Confraternização

quarta-feira, 16 de julho de 2008


pra que eu seja feliz,tenho que virar tudo de cabeça pra baixo,mudar a ordem das coisas, propor o diferente e assumir que a maioria gosta mesmo do igual. mas eu não sou igual, não sinto igual, não ajo igual,quero o que todo mundo quer,mas não tenho paciência para esperar.
Foto de Katarina Sokolova

o medo serve para rirmos de nós mesmos

segunda-feira, 14 de julho de 2008

de mim

eu falo alto, rio alto,ando de vermelho,decido antes de todo mundo e sou um pouco mandona
me misturo com as crianças,tenho medo de ficar sozinha,ando devagar no escuro
invento histórias na minha cabeça,passo trote para os amigos, escrevo cartas de amor
sou um pouco mal humorada,adoro contar piadas,não levo desaforo pra casa
sou brigona,chorona,carente
sou gente
e finjo ser algum tipo de super herói
me comovo com a dor alheia e escondo a minha
choro no banheiro sozinha
mas depois vou pedir colo pra alguém
adoro ser mimada, odeio frescuras, mas não como com as mãos
o molho do cachorro quente sempre cai no meu vestido
faço o estilo fatal,mas adoro andar descalça na terra
brincar de rodar pião
e não assumo quando estou a fim
ah,são tantas de mim

sexta-feira, 11 de julho de 2008

isso é só pra quem muita sorte

eu sempre digo isso pra ela,
repito a todo instante:
-se você não fosse minha mãe eu iria querer que fosse.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

que merda!que merda!que merda!

que merda é viver em um país sem lei, em um país onde todos os recursos e serviços essenciais estão nas mãos de empresas que só pensam em lucrar de forma agressiva e predadora em cima das pessoas e que têm respaldo sobre isso. que merda. que merda saber que você está certa, ouvir do mundo que você está certa e mesmo assim saber que, porque você tem um CPF no lugar de um CNPJ vai mesmo é se foder. que merda!
há dois meses tento resolver minha pendenga com a uma concessionária de serviço essencial para a sobrevivênvia urbana,luz, e a única coisa que ouço é que eu estou certa e que mesmo assim eu tenho que pagar a minha conta e esperar sentada, percebo também que a concessionária quer que eu me dane, quer o que eu pague o que eu não consumi, quer colocar o meu nome no SPC e quer que depois disso tudo eu vá para a puta-que -pariu. como pode? como pode? e uma amiga minha ao tentar processar uma empresa de telefonia ouviu de um advogado que o fato de essa empresa ser campeã de reclamações fez com que ,de agora em diante, nenhuma ação poderá mais ser movida contra ela porque os juízes estão dando causa ganha para essa porcaria de empresa. com pode? como pode?
me lembro nesse momento de quando eu tinha lá pelos meus 18 anos e fui para a frente da Bolsa de Valores do Rio lutar para que a Embratel não fosse privatizada e das manifestações em que participei em favor de tantas estatais, e do resto dos meus amigos de faculdade dizendo "Eu não tenho nada com isso." Como não tem? Naquela época já dizíamos que ficaríamos nas mãos do capital privado e dos interesses das grandes empresas, que não teríamos direito a nada, mas todos só pensavam em acabar com as regalias do funcionalismo público, vingança queriam e não uma política justa. que merda. hoje estamos todos nas mãos dessas empresas e o único direito que temos é de pagar. somos chamados até de consumidores, mas nem todos conseguimos consumir de verdade. como pode? como pode?
a realidade é virtual não só no sentido da informática, mas no da falta de escrúpulos, cidadania, direitos, percepção, só temos o direito de pagar, e caro,muito caro por isso tudo.
e vamos vivendo, lutando, reclamando ou escondendo a cabeça na areia e pagando, sendo esse último o nosso único e verdadeiro direito.
o mundo de hoje,no Brasil capetalista de início de século só pode ser habitado por dois tipos de pessoas: os fortes e os alienados, o resto fica batendo cabeça esperando uma nova ordem chegar.

domingo, 6 de julho de 2008

hum...


o búfalo, a mulher e as rosas



A imagem dessa mulher me persegue e quando penso que posso,enfim, aposentar a heroína, eis que a identidade secreta se revela e mais uma vez tenho que me armar e lutar. É difícil ser algo menor do que todos esperam,pois já se acostumaram com a mulher com cabeça de búfalo e o próprio búfalo se sente acorrentado quando não aparece. Difícil é fazê-los entender que o búfalo também precisa de calor, de tomar banho de rosas, de perfume. Esse búfalo também é mulher.

sábado, 5 de julho de 2008

cheio e vazio

e de vestido vermelho e com uma boneca nas mãos, a menina continua olhando por cima do portão esperando você voltar

momento de criação artística

Estou me revisitando e abrindo as portas para que saiam todos os fantasmas que moravam comigo. Ontem sentei na mesa do café da manhã e antes de sair para o trabalho conversei com um deles, tomamos chá, brigamos, relembramos momentos passados e ele me explicou coisas que antes eu não entendia, pareciam sem resposta. Depois, ele se levantou com cuidado, tomou a última xícara de chá, comeu um pedaço de bolo e antes que o vento batesse a porta ele saiu, dizendo que morar comigo já não fazia mais sentido.


(Foto de karolina sokolova)