quinta-feira, 26 de junho de 2008

Carta para Angelo Flavio

Quando encontro você é como se eu encontrasse um pedaço meu que estava perdido, sumido, um pedaço essencial da minha alma que surge a cada momento em que conversamos e trocamos experiências, carinhos, declarações. És o único homem que ouviu tantas vezes da minha boca a expressão “te amo”, o único que conseguiu descobrir quem sou. Podem até parecer cafonas essas minhas palavras, mas o amor que sinto por você nunca senti por ninguém na minha vida. Faço questão de escrever-te isso, pois só assim, através da palavra, posso eternizar o meu sentimento e trazer à luz a nossa alegria. Meu amigo, meu irmão, meu amor. Te a amo, te amo e te amo tantas vezes quantas são os movimentos da minha respiração.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Flores sagradas


desde que comecei a fazer Ikebanas, converso todo dia com as flores. Elas são minhas parceiras e dividem o apartamento comigo. Ikebana é a arte de harmonização través das flores. Trabalha a paz de espírito através da observação e da contemplação da arte.

Conversei com elas essa noite, foi tão esclarecedor.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Meus olhos

Isso de ficar andando na rua observando tudo o que acontece as vezes dói. Dói muito ter sempre um olhar crítico. Queria eu as vezes me alienar, achar tudo lindo e me preocupar somente com o capítulo da novela e por onde anda o meu namorado, mas como se na segunda é criança presa, na terça é exército contra o povo, na quarta é menino cheirado de cola no ônibus, na quinta é corpo no lixão,e na sexta, e no sábado e no domingo é uma sucessão de eventos trágicos e vergonhosos sobre a vida de uma população cada vez mais encurralada pela sua condição social de preta, nordestina, pobre e favelada?

leia também: http://amocadosegundoandar.wordpress.com/

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Tem muita criança precisando de mãe nesse Rio de Janeiro.Muita criança.


Essas crianças não precisam de muita coisa, nem de casaco de marca e nem do tênis da moda, nem de uma escola moderna e nem de falar Inglês. Precisam mesmo é de alguém pra dar amor e palmada: precisam de mãe.

domingo, 15 de junho de 2008

De: Camille Para: Rodin


Senhor Rodin,

Como não tenho nada para fazer, estou lhe escrevendo mais uma vez. Não pode imaginar como está bonito o tempo em Islette. Hoje comi na sala do meio que serve de estufa, de onde se vê o jardim dos dois lados. A sra. Coucelles me propôs (sem eu ter lhe dito absolutamente nada) que, se fosse do seu agrado, você poderia comer aqui de vez em quando, e até mesmo sempre. (Creio que ela tem muita vontade que isso aconteça.)E é tão bonito, e é tão bonito. Tenho passeado no parque, tudo está podado, feno, trigo, aveia, dá para andar por toda parte, é um encanto.Se você for bonzinho, e cumprir sua promessa, vamos conhecer o paraíso. Você terá o quarto que quiser para trabalhar. Acho que a velha vai adorar. Ela me disse que eu devia tomar banho no riacho, onde a filha dela e a empregada tomam banho sem perigo nenhum. Com sua permissão, farei a mesma coisa, pois é um grande prazer, e isso me permitirá deixar de ir aos banhos quentes em Azay.Você seria muito gentil se me comprasse um pequeno traje de banho azul-escuro com debruns brancos, de duas peças, blusa e calça (tamanho médio), de sarja, no Louvre ou no Bon Marché ou em Tours!Eu durmo nua para imaginar que você está aqui... nuazinha... mas, quando acordo, não é mais a mesma coisa.
Um beijoCamille
Sobretudo não me engane mais.
Foto:reprodução Camille Claudel por Auguste Rodin

quinta-feira, 12 de junho de 2008

desliguei

Hoje não penteei o cabelo, não escovei os dentes e nem tirei o pijama. Almocei as 6 horas da tarde e agora não estou fazendo nada.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Mas a gente também é feliz,pô!

Os meninos e as meninas nos seus olhos têm a luz.Vaga-lumes que iluminam todos os cantos do mundo.Os teus sonhos não me contem, deixa que eu adivinho.São segredos enfeitando as curvas do meu caminho.As crianças são anjos,moleques, são bruxos e fadas correndo na terra, brincando de vida, de tempo passando,1, 2, 3 e já!Cada dia nascente abençoa o que aprende esse teu coração a criança é bonita, ela é de São Cosme e de São Damião.
(Angelus de Bia Bedran/foto de André Mantelli)

terça-feira, 10 de junho de 2008

Pra semana: um pouco mais de compaixão,tá?

Está entalado. Não consigo tirar da minha mente a imagem daquele menino sentado no banco de uma delegacia. Conversando com um policial como se fosse um adulto. Não consigo parar de pensar. O que tem mais me assustado na vida não são as crianças tendo atitude de adultos, pois até mesmo, na mais louca ação, há sempre o olhar infantil, mesmo que ele esteja escondido em um rosto amadurecido, em uma violência insensata. Me assusto mais com os adultos que não enxergam a idade que aquele feito de réu tem, que o desprezam em sua pequeneza e o tratam como um ninguém. Não, eu não sou contra a punição, eu mesma já fiquei de castigo por coisas menores e aprendi a lição, mas não posso deixar de atentar para a idade desses que cometem coisas que vão na contramão, desses que vivem na contramão, são deixados pelo caminho, são expulsos antes mesmo de entrarem em algum lugar. Não dá. Não acredito que valem menos do que qualquer outra criança do mundo, que são bandidos perdidos, quero acreditar que são crianças, pois são, na idade cronológica, mental, nas brincadeiras, na altura, nas fraquezas e nas franquezas,são crianças, que desceram em algum outro ponto da pista ou que perderam o ônibus, mas que ainda podem continuar na estrada, basta só que alguém sinalize com firmeza e compaixão o caminho. E com amor, a única coisa que, realmente, qualquer ser dessa Terra precisa.

W.S.14 anos


Aquele menino,
com a sua baixa estatura e os seus quatorze anos,
bem que poderia ser meu filho.
Com a cabeça baixa, tocando tudo com seus olhos assustados,
bem que poderia ser meu filho.
Fez careta pra mulher,
levou sua bolsa,
bateu na cara,
não pediu desculpas e assumiu tudo com vaidade,
bem que poderia ser meu filho.
Entrou calado na viatura,
não precisou de algemas,
contou mentiras e verdades, sem se importar muito com as coisas,
bem que poderia ser meu filho.
Eu até te bateria de cinto,
uma semana de castigo,
daria o peito durante doze meses e amor pela vida inteira,
mas ele não é meu filho.
(Desenho de Cândido Portinari)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Há,há


Ele me critica porque me comporto feito criança: ligo na hora em que me dá na cabeça, saio sem dizer adeus e quando o encontro pulo no seu pescoço. Porque rio alto, falo a verdade sem pensar e não consigo guardar segredo. Porque ando descalça pela casa e no corredor do prédio. Porque meus pés estão sempre com terra e quero que seja sempre domingo de sol. Porque digo que detesto sentir saudades e sem mais nem menos apareço na casa dele. Porque convido sempre em cima da hora e não aceito não como resposta. Porque quero que tudo tenha um porque e arranjo sempre um jeito doce de responder. Porque choro quando o filme fica triste e vejo tv falando mal dos outros. Porque invento palavras novas para o nosso bom Português. Ele me critica porque sempre tomo a iniciativa e não deixo a parte do homem pra ele, porque conserto sozinha o chuveiro, mas não consigo matar a barata no banheiro. É sempre por isso que ele me critica, e fica comigo, e ri comigo, e me chama de chata e liga pra saber por que eu não liguei, pra ter com quem poder jogar Banco Imobiliário ou brincar de detetive tentando descobrir da janela da minha casa quem são as pessoas que passam pela rua. E pra andar de fusquinha comigo, não o meu, o dele, eu mesma detesto dirigir, prefiro enfiar os pés no porta-luvas.

domingo, 8 de junho de 2008

caiu a ficha


Agora que consegui dizer adeus,
sinto como se estivesse acordado de um transe.
Sim, eu estava hipnotizada
sem conseguir enxergar o que
estava a um palmo do meu nariz
Miopia emocional,
cegueira racional,
estrabismo passional.
Vendo tudo trocado,
desfocado,
a verdade em borrões.
Alívio é dizer adeus.
Tanta coisa pra fazer,
prateleiras para arrumar.
Um espaço do meu tempo desperdiçado.
Quero parar de aprender somente

quando caio do cavalo
quero parar de aprender com os erros
quero admirar meus acertos
e parar de correr atrás do meu rabo
parar de buscar o vento.
Ser mais dona de mim e das minhas paixões.
Acordei de um sonho
e vi um dia lindo à minha espera.
Estou pronta para outra e essa outra sou eu.
Se o rouxinol não canta esperarei até que ele cante.
Na verdade ele cantou, cantei junto com ele e depois eu cantei pra ele. Agora que vejo que cantei para um surdo entendo porque ele não canta. Então, se o rouxinol não canta eu dou um tiro nele, afinal a fila anda e quem não faz a sua parte se fode. Agora eu preciso mesmo é do silêncio , e é ele que eu vou pregar pela semana. Shuuuu!Silêncio!!!

domingo, 1 de junho de 2008

Pra semana

Nessa semana chuvosa de outono, prenúncio de um inverno frio e inspirador, padrinho de amores e de crianças nascidas entre os meses de janeiro e março, faço um convite a todas e todos: vamos nos apaixonar! Por qualquer causa ou coisa, por um alguém, por um motivo, uma canção ou acontecimento, por qualquer coisa capaz de fazer com que nossos pensamentos passeiem pelo futuro e passado enquanto nossos corpos fervem e bailam no presente.
Dedico,então,essa canção de Vinícius de Moraes como trilha da semana.

O Velho E A Flor
Vinicius de Moraes/Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho / Bacalov
Por céus e mares eu andei
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber o que é o amor
Ninguém sabia me dizer
E eu já queria até morrer
Quando um velhinho com uma flor assim falou:
O amor é o carinho
É o espinho que não se vê em cada flor
É a vida quando
Chega sangrando
Aberta em pétalas de amor